ISA lançou livro Inventário Cultural Quilombola do Vale do Ribeira na sexta (23/8), em Eldorado-SP.
Resultado de um processo participativo que incluiu 20 agentes culturais locais e realizou 590 entrevistas com 213 quilombolas, a publicação reúne textos sobre os bens culturais identificados em 16 quilombos do Vale do RibeiraO projeto do inventário teve início em 2009 com a capacitação de agentes culturais quilombolas para aplicar a metodologia do INRC (Inventário Nacional de Referências Culturais), elaborada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional (Iphan). Depois de três anos de conversas,oficinas, entrevistas e filmagens, os resultados finalmente vêm a público por meio desta publicação.
O levantamento realizado identificou 180 bens culturais: 29 Celebrações, 24 Formas de Expressão, 23 Ofícios e Modos de Fazer, 75 Lugares e 29 Edificações. A incidência destes bens culturais foi analisada em cada um dos 16 quilombos. Os verbetes apresentados no livro trazem descrições e sínteses comparativas do material oriundo dos 16 territórios e permite visualizar recorrências e variações nos modos de fazer, nos nomes atribuídos localmente, nas ênfases a determinados aspectos do bem cultural.
Ao organizar e sistematizar os resultados desta pesquisa, buscou-se privilegiar as falas diretas dos sujeitos que contribuíram de forma decisiva para tornar acessível ao público em geral um pouco mais do cotidiano e da história dos quilombos. Os quilombolas são co-autores do livro. (Veja no final o quadro com um resumo de cada texto).
O projeto conta também com um registro audiovisual de 120 minutos de duração que foi lançado na ocasião do seminário final do projeto.
Veja abaixo o vídeo, dividido em duas partes.
Foi também neste seminário que as comunidades ali reunidas definiram que o sistema agrícola - formado por diversas práticas e conhecimentos ligados ao cultivo, além de expressões culturais associadas - consiste no bem cultural mais importante e compartilhado entre as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, sendo necessário, portanto, implementar ações para a sua salvaguarda. A solicitação de registro do sistema agrícola quilombola foi formalizada junto ao Iphan e o processo aguarda instrução para tramitar.
Patrimônio ameaçado
Uma parte considerável dos bens culturais quilombolas (37% ) encontram-se na condição de memória e ruína, ou seja, deixaram de ocorrer, ou ocorrem de maneira precária, fragmentada ou espaçada no tempo. Embora as mudanças façam parte da dinâmica cultural, o declínio de práticas estruturantes do modo de vida quilombola (como os puxirões de trabalho realizados em grande tarefas agrícolas) é motivada pela insegurança territorial e por uma legislação ambiental que proíbe a roça de coivara.
Há também conhecimentos tradicionais que são cada vez mais desvalorizados pelas gerações mais jovens, coincidindo com o advento das escolas. Como exemplo, pode-se indicar a fabricação de artefatos utilizados no cotidiano doméstico e a construção de casas com recursos da floresta, cada vez mais raros. As atividades de canoeiros, benzedores e curandeiros também estão neste conjunto.
FONTE: http://www.socioambiental.org/
SAIBA MAIS: http://www.socioambiental.org/
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Reproduzido nesse Blog em 29/08/2013
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